Manaus (AM) – O governo Bolsonaro foi marcado por um alto número de assassinatos de defensores de direitos humanos, especialmente entre os defensores racializados, revela uma pesquisa realizada pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global.
O estudo, intitulado “Na Linha de Frente: violência contra defensores e defensoras de direitos humanos no Brasil”, registrou um total de 1171 casos de violência contra aqueles que lutam pelos direitos humanos no país durante o governo Bolsonaro, que se estendeu de 2019 a 2022.
Os dados revelam que ocorreram 169 assassinatos e 579 ameaças nesse período.
A pesquisa destaca que os defensores racializados foram os mais afetados, refletindo o racismo estrutural presente na sociedade brasileira. Os indígenas foram os mais atingidos, somando 50 mortes durante os quatro anos do governo Bolsonaro.
A pesquisa classificou a violência contra os defensores de direitos humanos em oito tipos, incluindo ameaças, agressão física, assassinato, atentado, criminalização, deslegitimação, importunação sexual e suicídio. Os casos de violência foram registrados em todos os estados brasileiros, indicando um acirramento dos conflitos territoriais e ambientais no país.
Bruno e Dom
Entre os assassinatos mais emblemáticos destacam-se os casos de Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, que foram emboscados e mortos enquanto viajavam de barco pelo Vale do Javari, no Amazonas. Ambos foram vítimas de arma de fogo, queimados e enterrados, de acordo com as investigações. Bruno Pereira estava envolvido na denúncia de pesca ilegal em território indígena, o que teria motivado o crime.
Defensores de indígenas
Os defensores indígenas foram os principais alvos da violência, com 346 casos registrados, incluindo 50 assassinatos e 172 ameaças. Esse quadriênio foi marcado por uma política anti-indígena adotada pelo governo federal, o que resultou no aumento da invasão e exploração dos territórios tradicionais por garimpeiros, desmatadores e empresas do agronegócio.
O coordenador executivo da Terra de Direitos, Darci Frigo, destaca que esses dados refletem um período em que atacar os defensores de direitos humanos era uma política governamental.
Sem direitos
Frigo ressalta que o governo Bolsonaro elegeu indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais como inimigos centrais de sua estratégia de governo, desrespeitando seus direitos constitucionalmente assegurados.
A pesquisa revela que as ameaças foram o tipo de violência mais frequente, totalizando 579 ocorrências durante os quatro anos. Embora os homens cisgênero sejam vítimas de 45,3% dos casos de ameaça registrados, as mulheres cisgênero tendem a sofrer mais esse tipo de violência em comparação com outros tipos.
A análise dos casos de violência identificou oito tipos de agressões: ameaça, agressão física, assassinato, atentado, criminalização, deslegitimação, importunação sexual e suicídio.
Essas violências foram cometidas com o objetivo de impedir a reivindicação e defesa de direitos por parte dos defensores.
O levantamento considerou episódios de violência individual e contra coletivos, incluindo ataques a povos indígenas e quilombolas.
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