MANAUS (AM) – Peixes consumidos pela população do Amazonas e de outros cinco estados da Amazônia estão contaminados com mercúrio. A concentração do metal chega a 21,3% acima do permitido. As informações são do G1 Roraima.
Os dados fazem parte da pesquisa feita pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil.
No estudo foram incluídos dados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima.
No Amazonas, há cidades em que esse índice sobe para 50% (Santa Isabel do Rio Negro e São Miguel da Cachoeira). A média do estado é de 22,5%, volume menor que Roraima, que apresenta 40%.
Para os pesquisadores, essa alta tem relação com o avanço de garimpos de ouro. Foram coletadas amostras de 80 espécies de peixes em todas as capitais destes estados e de outros 11 municípios do interior.
A presença do mercúrio no organismo humano pode causar problemas de saúde que afetam o sistema nervoso, sendo mais grave o consumo por grávidas, por sua interferência na saúde do bebê, e para crianças.
Pesquisa
O estudo, denominado “Análise regional dos níveis de mercúrio em peixes consumidos pela população da Amazônia Brasileira”, foi desenvolvido de março de 2021 a setembro de 2022, com amostras de 1.010 peixes coletados nos 17 municípios, incluindo as capitais.
Para identificar o nível de contaminação dos peixes, os pesquisadores fizeram as coletas dos animais em mercados públicos, feiras-livres ou direto com pescadores – como foi o caso de Roraima. Depois, analisaram o impacto dessa contaminação na saúde humana, usando como parâmetro o consumo de peixe entre quatro grupos: homens adultos, mulheres em idade fértil, crianças de 2 a 4 anos, e de 5 a 12 anos.
O levantamento tinha como objetivo avaliar qual o risco para a saúde humana em caso do consumo de peixe contaminado por mercúrio. O resultado em todas as regiões analisadas coloca em alerta a saúde pública, na avaliação os pesquisadores.
Do total geral de peixes estudados, 110 eram herbívoros, 130 detritívoros, 286 onívoros e 484 carnívoros. Os carnívoros, mais apreciados pelos consumidores finais, apresentaram níveis de contaminação maiores do que as espécies não-carnívoras.
A análise comparativa entre espécies indicou que a contaminação é 14 vezes maior nos peixes carnívoros, quando comparados aos não-carnívoros
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