Senado Federal eleva manifestação amazônica ao status de cultura nacional e reforça o valor simbólico da arte popular do interior do Amazonas
Festival de Cirandas de Manacapuru é reconhecido como patrimônio cultural do Brasil
Manaus (AM) – A Comissão de Educação do Senado aprovou nesta terça-feira (21) o reconhecimento do Festival de Cirandas de Manacapuru como manifestação da cultura nacional, elevando uma das mais vibrantes expressões artísticas do Amazonas ao patamar de patrimônio simbólico do país.
O relatório, lido pelo senador Flávio Arns (PSB-PR), define o festival como “uma das mais autênticas e vigorosas manifestações da cultura popular amazônica”.
A proposta, de autoria do senador Plínio Valério (PSDB-AM), recebeu substitutivo do senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e segue agora para votação em turno suplementar antes de ser encaminhada à Câmara dos Deputados.
Tradição, identidade e memória coletiva
Com quase três décadas de história, o Festival de Cirandas é mais do que um evento: é um ritual coletivo de identidade e pertencimento. Segundo o parecer do Senado, a festa está “profundamente enraizada na memória e na vivência comunitária da população manacapuruense”, tornando-se um ponto de convergência entre fé, arte e resistência cultural.
As cirandas de Manacapuru transformam o ritmo popular em espetáculo. Cada batida, cada passo, cada cor que invade a arena carrega saberes ancestrais e a força das comunidades ribeirinhas. O reconhecimento do Senado, portanto, é também um gesto político: o de afirmar a diversidade cultural amazônica como parte inseparável da brasilidade.
Patrimônio imaterial da Amazônia
Para o relator, a ciranda “não se limita a uma prática artística: é um instrumento de afirmação cultural, de transmissão de saberes tradicionais e de fortalecimento dos laços sociais”.
A decisão do colegiado se ampara no artigo 216 da Constituição Federal, que estabelece o dever do Estado de proteger o patrimônio imaterial brasileiro.
“Além de assegurar visibilidade institucional a essa expressão cultural, a medida reforça a importância das culturas regionais na composição do patrimônio cultural brasileiro”, diz o texto aprovado.
Três vertentes, uma só alma
O parecer destaca as três vertentes que compõem o festival: Ciranda Tradicional, Flor Matizada e Guerreiros Mura. Cada uma delas desenvolve enredos cênicos e musicais que resgatam mitos, lendas, festas religiosas e episódios da ancestralidade indígena.
“Cada apresentação articula coreografia, música, indumentária e cenografia, em um espetáculo de grande potência estética e simbólica, revelando a capacidade criativa do povo manacapuruense e sua íntima conexão com o território”, registra o relatório.
Símbolo vivo da Amazônia
O Festival de Cirandas, realizado anualmente na arena de Manacapuru, transcende o entretenimento: é celebração da Amazônia viva, onde o tambor, o corpo e a cor se tornam linguagem de resistência. O reconhecimento nacional amplia a visibilidade da festa e coloca Manacapuru no mapa das grandes expressões culturais brasileiras, lado a lado com o Boi de Parintins e o Círio de Nazaré.
Nota de contexto:
O Festival de Cirandas de Manacapuru nasceu na década de 1990 e é hoje um dos maiores espetáculos culturais do Amazonas, mobilizando milhares de artistas, costureiras, músicos e artesãos locais. A cada edição, a cidade se transforma em um mosaico de danças, cores e histórias que reafirmam o orgulho caboclo da região.
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