Manaus (AM) – A farinha de mandioca é mais que um alimento tradicional; ela representa uma cadeia produtiva essencial que sustenta a economia local e preserva práticas ancestrais no Amazonas. Em reconhecimento à sua relevância cultural, a Lei nº 6.794/24, aprovada em março de 2024, declarou a Farinha de Uarini Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Amazonas (SAPL).
A produção familiar, baseada em técnicas tradicionais e livre de agrotóxicos, também é um modelo de sustentabilidade. A farinha do tipo “ovinha”, com o selo A Ribeirinha, possui certificação Origens Brasil, que assegura práticas de manejo sustentável e valoriza as comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, garantindo transparência e confiança ao consumidor final.
Diversidade da Produção Artesanal e Seus Sabores

A produção artesanal segue etapas rigorosas que definem as características de cada tipo de farinha. Essa diversidade de processos resulta em variedades que atendem a diferentes paladares e usos culinários:
- Farinha d’água (ou Farinha Amarela): Possui sabor ácido e caroços grossos, fruto da fermentação natural das raízes de mandioca, que origina a massa puba. É mais amarga que outras farinhas e, segundo relatos populares, pode “estufar a barriga” ao ser consumida.
- Farinha Filé: Uma farinha fina, com caroços quase uniformes. O segredo está na peneiração com ferramentas específicas, que garantem a textura ideal e a diferenciam das demais.
- Farinha Ovinha (ou Farinha de Uarini): Grânulos pequenos e crocantes, conhecida como “o caviar das farinhas”. Seus caroços, levemente maiores que os da farinha filé, são produzidos em maquinário cilíndrico que transforma a massa peneirada em pequenas bolinhas.
- Farinha seca: Fina e clara, sem fermentação prolongada. É apreciada por seu sabor neutro e textura crocante, ideal para quem prefere um toque mais delicado
Impacto econômico e preservação
Veja no vídeo da FAS como é feita a farinha do uarini:
A cadeia produtiva da farinha de mandioca é vital para a economia do Amazonas. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), mais de 70 mil agricultores familiares trabalham com mandioca no estado. Em 2019, a mandioca foi o produto agrícola de maior valor, movimentando cerca de R$ 949,2 milhões, conforme a Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE.
Além disso, a produção dentro de unidades de conservação (UCs), como a Reserva Mamirauá, movimenta cerca de R$ 4,4 milhões anualmente. Esses dados demonstram o potencial da farinha como vetor de desenvolvimento local e de conservação ambiental. Fortalecer essa cadeia significa preservar práticas sustentáveis que contribuem para a floresta, conforme estudos da Embrapa e da Jornada Amazônia.
Valorizar a farinha é reconhecer um legado de saberes ancestrais, práticas de sustentabilidade e um pilar econômico que mantém o modo de vida tradicional do Amazonas, além de proteger a floresta, fonte de vida para toda a região.
Veja o vídeo da TV A Crítica sobre as farinhas vendidas em Manaus:
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