Por: Marcellus Campêlo
O ano de 2023, considerado o mais quente da história, registrou 66 dias com temperaturas elevadíssimas. Em 2024, os recordes mensais continuam e os alertas já começaram a soar.
Em junho, as temperaturas atingiram níveis históricos no mundo, em decorrência das mudanças climáticas, causadas pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento.
Calor extremo
O Índice de Mudanças Climáticas da Climate Central, grupo independente formado por cientistas e comunicadores, aponta que entre 16 e 24 de junho, 4,97 bilhões de pessoas, no mundo, sofreram com o calor extremo provocado pelas mudanças climáticas.
Os mais atingidos foram Índia (619 milhões de pessoas), China (579 milhões), Indonésia (231 milhões), Nigéria (206 milhões), Brasil (176 milhões), Bangladesh (171 milhões), Estados Unidos (165 milhões), Europa, com exceção da Rússia (152 milhões), México (123 milhões), Etiópia (121 milhões) e Egito (103 milhões).
Outro estudo divulgado recentemente, dessa vez pela Nasa, também traz preocupação, por apontar que nos próximos 50 anos haverá diversas regiões inabitáveis no mundo, algumas no Brasil, inclusive, em decorrência das condições causadas pelo calor extremo. O trabalho científico se baseia em dados obtidos por satélites.
As cinco regiões mais vulneráveis são: Sul da Ásia, Golfo Pérsico, Costas do Mar Vermelho, Leste da China e regiões do Brasil.
Amazônia
O estudo indica que, até 2070, algumas áreas, como a região Amazônica e cidades do centro do país, podem se tornar inabitáveis devido ao aumento das temperaturas e da umidade. Um dado extremamente preocupante, cuja leitura equivocada faz muita gente pensar que está longe de acontecer, mas os efeitos já são sentidos por todos, aqui e agora.
No Brasil, por exemplo, o início do inverno, em junho, foi de altas temperaturas para a época, no centro-sul. A previsão é de fiquem 3 °C acima dos invernos passados.
No país, os problemas em decorrência da crise climática, com maior frequência, têm sido seca extrema e incêndios, atingindo Pantanal, Amazônia e Cerrado, e chuvas intensas e alagações, como ocorreu no Rio Grande do Sul.
No Amazonas, os dados dos sistemas de monitoramento apontam que o período de estiagem, a seca dos rios, deverá se adiantar em 30 dias, com impactos já sentidos a partir deste mês de julho.
Governo do Amazonas
O Governo do Amazonas vem trabalhando com essa perspectiva já com bastante antecedência. O planejamento preparado para o enfrentamento à estiagem e combate às queimadas envolve praticamente todas as secretarias e órgãos estaduais, cada um fazendo a sua parte.
Ajuda humanitária
Inclui ajuda humanitária e o abastecimento da população ribeirinha, principalmente com água potável, além de medicamentos e insumos que já estão sendo enviados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM). As ações envolvem, também, medidas voltadas à produção rural e logística para manutenção do funcionamento das escolas da rede estadual de ensino.
O governador Wilson Lima tem articulado reforço e apoio do governo federal, conversando diretamente com vários ministérios. Em atendimento ao pleito dele, o governo federal assinou a publicação de editais para contratação das dragagens de trechos dos rios Amazonas e Solimões, para manter a capacidade de navegação, fundamental no transporte de pessoas e de insumos para o comércio e a indústria. Serão investidos R$ 505 milhões.
Ajuda internacional
As articulações também ocorrem junto a organismos internacionais. Um exemplo nesse sentido são as ações que estão sendo alinhadas com esse foco, entre Governo do Amazonas, por meio da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) e Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb), com Unicef e União Europeia, através do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária (ECHO). A iniciativa visa principal mitigar o impacto da seca nas comunidades mais vulneráveis, como as indígenas e ribeirinhas.
Estamos, portanto, trabalhando bastante e na expectativa de que possamos enfrentar esse período sem grandes prejuízos à população, dando apoio especial a essa fatia da população mais vulnerável.
*Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de secretário da Unidade Gestora de Projetos Especiais – UGPE