BRASÍLIA – Mesmo longe de Brasília, três deputados federais custaram caro ao bolso do contribuinte. Em menos de dois anos, a Câmara dos Deputados desembolsou R$ 3,3 milhões para bancar os gabinetes de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP) e Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) — todos afastados do mandato por prisão ou por estarem fora do país. Os dados foram noticiados em reportagem do jornal O Estado de São Paulo.
Apenas o gabinete de Chiquinho Brazão, preso por envolvimento no assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, consumiu R$ 1,9 milhão antes de ele perder o mandato em abril de 2025.
Eduardo Bolsonaro e Zambelli, mesmo impedidos de receber salários por decisão do STF, mantêm equipes ativas e estrutura completa, somando quase R$ 1,2 milhão em gastos desde 2023.
Cada gabinete pode empregar até 25 assessores e consumir R$ 133 mil por mês em verbas públicas. Eduardo, nos Estados Unidos, mantém nove funcionários, com custo mensal de R$ 132,4 mil. Zambelli, presa na Itália após condenação por invadir o sistema do CNJ, tem 12 assessores — R$ 103,2 mil mensais pagos pela Câmara.
Justificativa oficial
A justificativa oficial é de que, durante licenças, os funcionários continuam servindo ao suplente. Mas, na prática, tanto Eduardo quanto Zambelli seguem controlando gabinetes que funcionam sob suas orientações.
A situação revoltou parlamentares da base governista.
“É um escárnio com o dinheiro público”, disse Helder Salomão (PT-ES). Para o vice-líder do governo, Alencar Santana (PT-SP), “não há eficiência política nem moral em manter deputados que não exercem o mandato plenamente”. Santana propôs o projeto que proíbe o chamado “deputado home office”, obrigando o parlamentar a exercer o cargo em território nacional — sob pena de perda de mandato.
Cassação à vista
A Câmara também avalia os pedidos de cassação de Eduardo e Zambelli. Ambos podem perder o mandato até 2026, caso acumulem faltas ou novas condenações.
Para o cientista político Marco Antônio Teixeira (FGV), a manutenção desses gabinetes “é uma arapuca ética” para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). “Quando a Casa paga por quem não trabalha — e, pior, atua contra o país — a credibilidade do Parlamento despenca”, disse.
Pesquisa Genial/Quaest mostra que 83% dos brasileiros acreditam que deputados agem em benefício próprio. A Câmara, mais uma vez, parece empenhada em confirmar a estatística.
Nota “Contexto”
O episódio dos “deputados fantasmas” sintetiza a crise moral do Parlamento: gabinetes que funcionam sem deputados, assessores sem comando e uma elite política que se protege a qualquer custo. O contribuinte, mais uma vez, paga a conta da impunidade travestida de regimento interno.
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