Manaus, AM – A comunidade de flutuantes do Tarumã-Açu, afluente do Rio Negro em Manaus, vive um momento de esperança após a suspensão da ordem de remoção e desmonte das estruturas. A decisão, atendida pela Justiça a pedido da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), beneficia mais de 250 famílias que residem no local há décadas.
Sustento e Tradição
Para os moradores, o Tarumã-Açu representa mais do que um lar. É o local onde trabalham, criam seus filhos e preservam suas tradições. A pesca, o transporte fluvial e o cuidado com os recursos naturais são atividades que integram o dia a dia da comunidade.
“Uma Luz no Fim do Túnel”
A presidente da Associação de Moradores da Marina do Davi, Sara Guedes, relata o sentimento de alívio após a suspensão da ordem de retirada:
“Essa decisão foi fundamental para sabermos que ainda podemos acreditar na Justiça. Ninguém é contra o ordenamento, mas queremos o nosso direito respaldado.”
Moradores há Décadas
A aposentada Celina Magalhães, de 74 anos, reside em um dos flutuantes há 26 anos. Ela criou seus filhos e netos no local e afirma que a comunidade vive em harmonia com o meio ambiente.
“Agradeço muito à Defensoria por nos dar a força para estarmos ainda no nosso teto.”
Impacto da Pandemia e Crescimento Natural
Segundo Sara Guedes, a pandemia de COVID-19 intensificou a ocupação do rio, mas a maioria dos flutuantes são moradias, não estruturas comerciais. A comunidade se caracteriza por um ciclo natural de crescimento, onde os filhos constroem seus próprios flutuantes ao formar família.
Esperança Renovada
A moradora Natasha Froes, que reside no local há 10 anos, relata a aflição da comunidade com a iminente remoção:
“Foram momentos difíceis, não sabíamos para aonde ir. Tem gente que está aqui desde sempre.” Com a suspensão da ordem, a esperança se renova para os moradores.
Consciência Ambiental e Sustentabilidade
Marcos Gomes de Souza, proprietário de uma oficina de barcos há 30 anos, destaca a importância da preservação ambiental e a responsabilidade da comunidade com o rio.
Ele contribui com a limpeza dos resíduos sólidos e acredita que a solução para os problemas do Tarumã-Açu envolve o diálogo e a busca por soluções conjuntas.
Atuação da Defensoria Pública
A DPE-AM acompanha a situação dos flutuantes na Comissão de Conflitos Fundiários do TJAM e criou um Grupo de Trabalho com sete defensores públicos. O objetivo é garantir os direitos dos moradores e buscar soluções justas para a comunidade.
“Nossa Natureza, Nossa Realidade, Nosso Lar”
Para Sara Guedes, a comunidade dos flutuantes faz parte da identidade do Tarumã-Açu:
“Essa aqui é a nossa natureza, nossa realidade, nosso lar. Querem tapar o Sol com a peneira, procurar um culpado para o problema da poluição. Nós cuidamos e dependemos dessa água para viver.”
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