Manaus (AM) – Uma pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas revelou que a mandioca açucarada pode ser uma alternativa viável e sustentável para a produção de bioetanol no estado. O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa CT&I Áreas Prioritárias.
Coordenado pela doutora Leiliane do Socorro Sodré de Souza, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o trabalho investigou o potencial da mandioca açucarada na produção de biocombustíveis por meio da hidrólise e fermentação das raízes da planta.
Estudo da Ufam aponta vantagens no uso da mandioca para bioetanol
De acordo com a pesquisadora, o bagaço da mandioca açucarada, após a extração do caldo, apresenta alto teor de amido (mais de 50%), o que permite uma liberação significativa de açúcares fermentáveis, essenciais para a produção de etanol.
“A mandioca é cultivada por muitos produtores no estado, e mesmo a variedade açucarada tendo algumas características distintas, seu cultivo é semelhante ao da mandioca comum. Isso facilita a adoção da técnica por comunidades locais”, explica Leiliane.
Processo fermentativo pode ser otimizado
Durante a pesquisa, foi utilizada a levedura Saccharomyces cerevisiae, e os testes resultaram em 14,33 g/L de etanol em um processo de 72 horas, com rendimento de 0,29 g de etanol por grama de biomassa. A equipe acredita que os números podem ser ainda mais expressivos com ajustes na concentração de açúcares e uso de microrganismos específicos.
Além do etanol, o processo também gera subprodutos que podem ser reaproveitados, reforçando o potencial da mandioca como insumo sustentável na bioeconomia amazônica.
Pesquisadora destaca benefícios ambientais e sociais
Outro ponto importante é o impacto ambiental positivo da iniciativa. O uso de fontes renováveis, como a mandioca, reduz a emissão de gases do efeito estufa e promove o desenvolvimento de soluções energéticas locais e sustentáveis, especialmente para comunidades isoladas do Amazonas.
Apoio da Fapeam fortalece bioeconomia no estado
Com o apoio da Fapeam, foi possível adquirir equipamentos modernos e formar uma equipe especializada no Laboratório de Processos de Separação (LABPROS/UFAM).
“Esse incentivo é fundamental para desenvolvermos soluções tecnológicas a partir da biomassa da Amazônia. Já coordenei quatro projetos com apoio da Fapeam, e o impacto na formação técnica e científica tem sido significativo”, ressaltou a pesquisadora.
O Programa CT&I Áreas Prioritárias é voltado para projetos de inovação e ciência liderados por pesquisadores residentes no Amazonas. Ele busca fomentar o avanço tecnológico com base nas potencialidades naturais e sociais do estado.
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