Manaus (AM) – Em participação no Congresso Nacional de Gestão Pública, nesta quinta-feira (29/05), o deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) fez duras críticas ao uso superficial do conceito ESG (ambiental, social e governança) na administração pública. Para ele, ESG precisa sair das planilhas e se tornar política pública com consequência.
O parlamentar acredita que uma inversão na lógica de utilização do termo deve acontecer para que seja possível institucionalizar a reconstrução do pacto entre Estado e sociedade por meio desse conceito.
“Falar de ESG na gestão pública exige mais do que estética institucional, é confiança. Hoje a imagem ESG para a população é vaga, ninguém sequer cita para uma pessoa que está sofrendo com as consequências ambientais ou explica o que é ESG. A sociedade já tem o entendimento de que isso não serve para nada. E confiança se reconstrói com coerência, fiscalização, participação e verdade”, defendeu Mandel.
Durante a palestra, Amom ilustrou sua tese com dois casos concretos ocorridos em Manaus (AM): um foi o desabamento de 11 casas, em um bairro carente na cidade, o qual levou à morte 8 pessoas.
A outra situação foi a da obra inacabada de uma escola em meio à uma área de várzea, no meio da floresta, longe de qualquer comunidade e que consta nos documentos oficiais como entregue. Hoje, a construção está abandonada e tornou-se um local para a marginalidade.
“É isso que acontece quando o planejamento é guiado por planilha, não pela realidade. É isso que acontece quando o foco é entregar a obra ou retirar a culpa e não em resolver o problema. ESG não é sobre ecologia de superfície, é responsabilidade profunda, é fazer política pública com consequência. É substituir a lógica de entrega pela de impacto e isso exige mudança de mentalidade”, declarou o deputado em um trecho da palestra.
O parlamentar relembrou que o Congresso Nacional é um espaço decisivo para transformar os princípios do ESG em algo estruturante.
A participação de Amom no evento ocorre em um momento em que os conceitos de governança e sustentabilidade são frequentemente apropriados por narrativas vazias ou estratégias de marketing.
Ao colocar em xeque essas práticas e demonstrar os impactos causados quando elas não são efetivas Amom evidencia a importância da política pública passar a girar em torno de vidas.
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