Manaus (AM) – A sexta-feira (25/4) amanheceu no compasso da velha política que, de vez em quando, troca de roupa para parecer nova. No Clube da OAB-AM, em Manaus, o lançamento do movimento “Amazonas Forte de Novo” reuniu mais de mil lideranças: senadores, prefeitos, ex-prefeitos, deputados, vereadores e o prefeito de Manaus, David Almeida, todos defendendo uma nova era para o estado — ironicamente, pelas mãos de quem já governou esse mesmo Amazonas tantas vezes.
Sob a batuta de Eduardo Braga, Omar Aziz e David Almeida, o evento proclamou a união suprapartidária como grande bandeira. Um discurso bonito, embalado pela defesa da Zona Franca, da BR-319, da bioeconomia e de novos investimentos. Promessas antigas embaladas com fita nova.
O mesmo enredo em outro palco
“Nosso partido é o Amazonas. Nossa ideologia é o povo”, disse Braga, arrancando aplausos. Mas a plateia também sabia — ainda que em silêncio — que muitos dos rostos ali já estiveram no comando, quando o estado perdeu protagonismo nacional, viu a Zona Franca encolher e a BR-319 continuar sendo apenas uma linha pontilhada no mapa.
União para quê?
David Almeida pediu união. Relembrou os tempos dourados, quando Eduardo e Omar construíram mais de 60 mil casas, trouxeram Copa do Mundo para Manaus e impulsionaram o interior. Esqueceu de dizer que, no mesmo pacote, vieram escândalos, crises fiscais e uma população que até hoje sente na pele o peso das promessas não cumpridas.
Plano velho para futuro novo?
Entre as metas anunciadas — fortalecer a Zona Franca, abrir a BR-319, estimular a bioeconomia, diversificar a economia — nada que não tenha sido pauta em governos passados. A dúvida que fica no ar: o que agora, com os mesmos personagens, será diferente?
Experiência ou cansaço?
Omar Aziz, em tom inflamado, prometeu enfrentar os problemas “sem flores para bandidos”, com mais experiência e maturidade. Mas a história mostra que experiência, sem renovação de práticas, só serve para repetir erros com mais técnica.
Convocação pública
O movimento chama a sociedade a se engajar pelas redes sociais (@eduardobraga_am).
“Unidos, jamais seremos vencidos”, finalizou Braga, enquanto a plateia — feita de velhos aliados e novos oportunistas — aplaudia de pé. Palmas que, desta vez, o povo assiste de longe, cruzando os braços e se perguntando: será que agora vai?
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