Relembre os momentos mais tensos entre o senador amazonense e o então presidente da República, que marcaram a política brasileira durante a crise sanitária
Manaus (AM) – A CPI da Covid, instalada no Senado Federal em 2021, foi um dos momentos mais marcantes da política recente do Brasil. Presidida pelo senador amazonense Omar Aziz, a comissão investigou a gestão da pandemia e o uso de recursos públicos. Os confrontos diretos entre Omar Aziz e Jair Bolsonaro, então presidente da República, se tornaram parte importante do processo, e como se veria anos depois, material valioso para a análise histórica de uma época.
As acusações e embates na CPI não se limitaram àquele período. As informações, depoimentos e conclusões da comissão parlamentar se tornaram um pilar para a compreensão da estratégia política da Direita que se repetiria em outros contextos e, mais tarde, em processos judiciais.
Os Confrontos entre Omar Aziz e Jair Bolsonaro
O senador Omar Aziz, ao longo da CPI, adotou uma postura incisiva, centrada em questionar a falta de transparência e o direcionamento de políticas de saúde que, na visão da comissão, não seguiam a ciência. Os embates com o governo eram frequentes e públicos.
Aziz questionava diretamente o uso de tratamentos sem comprovação científica, a atuação de militares em cargos estratégicos do Ministério da Saúde e a falta de celeridade na compra de vacinas. Em diversas sessões, ele cobrava explicações sobre a gestão de recursos públicos e a falta de coordenação nacional para combater a pandemia.
“Não podemos admitir que interesses políticos se sobreponham à saúde pública”, declarou Aziz em um dos momentos mais tensos, evidenciando a preocupação com o impacto das decisões do governo na vida dos brasileiros.
Do outro lado, Bolsonaro respondia com defesas públicas e ataques à CPI, minimizando as investigações e reforçando o apoio a seus ministros e às Forças Armadas. Ele se posicionava como vítima de uma perseguição política, o que se tornou uma estratégia recorrente de sua defesa. As falas de Bolsonaro, que circularam amplamente nas redes sociais, visavam descredibilizar a comissão e as denúncias feitas por senadores como Omar Aziz.
Da CPI ao Judiciário: análise
Atualmente, em meio à condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado, é oportuno relembrar momentos emblemáticos de sua gestão. Nas redes sociais, multiplicam-se lembranças da postura de Bolsonaro diante da pandemia e frases que marcaram a crise, como “deixa de mimimi”, “não sou coveiro” e “vai comprar vacina na casa da sua mãe”. Essas declarações seguem vivas na memória de familiares das vítimas da Covid-19 e reforçam a associação entre sua condução da crise sanitária e o repúdio de grande parte da esquerda brasileira ao ex-mandatário.
O material levantado pela CPI da Covid reuniu evidências que, mesmo não sendo o foco de uma condenação direta, serviram de base para aprofundar investigações e dar contexto à conduta de Jair Bolsonaro em outros contextos, como os fatos que levaram a processos judiciais.
As táticas de descredibilizar investigações e a defesa intransigente das Forças Armadas, usadas na CPI, foram elementos que se manifestaram em momentos posteriores. A trajetória demonstra como o trabalho parlamentar pode lançar luz sobre comportamentos que, analisados em conjunto, formam um padrão de conduta.
Relatório Final
A atuação de Omar Aziz e os embates com Bolsonaro ilustram como os fatos se conectam na história política do Brasil, servindo como um estudo de caso sobre a relação entre o Poder Executivo e as instituições de controle.
Em suas 1.180 páginas, o relatório final da CPI da Pandemia, apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), recomendou o indiciamento de 66 pessoas físicas e duas pessoas jurídicas. Esses indiciamentos tiveram relação com o negacionismo em relação ao vírus e às vacinas, com as suspeitas de corrupção nas negociações de compra de imunizantes e com as mortes que teriam sido provocadas pelo uso de tratamentos sem respaldo científico contra a Covid-19.
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