Na primeira noite do 56º Festival Folclórico de Parintins, nesta sexta-feira (30), o Boi Caprichoso apresentou o espetáculo “Ancestralidade: a semente das nossas lutas”.
O bumbá levou para a arena do Bumbódromo as raízes ancestrais do povo azul branco, heranças passadas por gerações, que formam o saber ancestral das populações amazônicas.
O boi negro de Parintins mostrou toda a sua grandiosidade, empurrado pela energia da massa azul e branca, que emanou da arquibancada do início ao fim da apresentação.
O Caprichoso veio do alto para marcar a abertura colossal do espetáculo, com as aparições do apresentador Edmundo Oran e o levantador de toadas Patrick Araújo.
O amo do boi Prince do Caprichoso surgiu na sequência, com versos e rimas.
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Lenda Amazônica
Logo depois, o Bumbódromo veio a baixo, em êxtase com a Lenda Amazônica “Ypuré, a senhora da ganância”, com o trabalho alegórico gigantesco do artista Roberto Reis.
O momento, que arrancou suspiros do povo azul e branco e arrebatou toda a multidão com módulos suspensos sobrevoando o Bumbódromo, revelou a cunhã-poranga Marciele Albuquerque.
A transformação da alegoria trouxe a exaltação cultural da noite, com as aparições do boi do povo de Parintins, da sinhazinha da fazenda Valentina Cid e da vaqueirada do Caprichoso. A Figura Típica Regional “Cabocla Ribeirinha”, assinada pelos artistas Márcio Gonçalves e Marlúcio Pereira, trouxe para a arena as Suraras do Tapajós, as guerreiras ribeirinhas que cantaram ao lado de Patrick Araújo para anunciar a chegada da porta-estandarte, Marcela Marialva.
Um dos momentos mais emocionantes da noite levou a galera azul e branca ao delírio na arquibancada.
Pela primeira vez na história do Festival de Parintins, três mulheres indígenas concorreram ao item Tuxaua, Kim Sateré, Ira Maragua e Gilvana Borari.
Na década de 70, o Caprichoso foi o primeiro bumbá a trazer uma mulher para este item, com a apresentação de dona Maria Lúcia Nascimento.
Alessandra Munduruku
A vencedora do Prêmio Ambiental Goldman 2023, Alessandra Munduruku, discursou na arena em defesa das águas da Amazônia, durante a performance do módulo “Tapiraiauara, a guardiã das águas”, construído pela dupla Nildo Costa e Zico Almeida. Cleise Simas, a rainha do folclore, surgiu na alegoria.
A apresentação empolgante e representativa do Caprichoso contou ainda com participação da indígena Baré, Lucila Melhueiro, e de Yra Tikuna. Além da execução da primeira toada composta por uma mulher indígena, Thais Kokama com a toada “Vidas indígenas importam”.
A noite apoteótica do Boi Caprichoso foi finalizada com o Ritual Indígena “Yreruá, a festa do guerreiro”, do artista Algles Ferreira, que trouxe o grande pajé Erick Beltrão.
Para lavar a alma do Povo Caprichoso, uma forte chuva que caiu sobre Parintins coroou a histórica primeira noite do boi negro de Parintins.
Fotos: Michel Amazonas, Pedro Coelho e Alexandre Vieira.
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