A urna eletrônica eleitoral brasileira, desde sua criação em 1995, tornou-se símbolo da modernização digital no país. Projetada por engenheiros do TSE, com apoio do INPE, CTA, Exército e Marinha, ela nasceu com um objetivo claro: acabar com fraudes e dar transparência ao voto.
O primeiro protótipo da urna eletrônica, o Coletor Eletrônico de Votos (CEV), foi testado em 57 municípios nas eleições de 1996 — incluindo todas as capitais e o estado do Rio de Janeiro.
De Minas à Amazônia: onde a urna é feita
A produção da urna eletrônica é descentralizada e envolve diversos polos industriais. Em Santa Rita do Sapucaí (MG), conhecida como o “Vale do Silício brasileiro”, são fabricados componentes eletrônicos. Já em Manaus (AM), o Polo Industrial fornece placas-mãe e parte do hardware. A montagem final ocorre em Ilhéus (BA), pela empresa Positivo Tecnologia, sob supervisão do TSE.
Para as eleições de 2024, foram produzidas 219.998 novas urnas modelo UE2022. Com vida útil estimada em 10 anos, elas já começaram a ser distribuídas aos TREs de todo o país.
Inovação contínua e parcerias estratégicas
A evolução da urna eletrônica é constante. Desde 1996, 14 modelos diferentes já foram lançados, com melhorias como identificação biométrica, baterias de lítio, teclado com diagnóstico de falhas e novos protocolos de segurança. Técnicos do TSE, pesquisadores da USP e servidores de tribunais eleitorais participam ativamente do projeto.
O convênio “Eleições do Futuro”, firmado com a USP, prevê o uso de blockchain e outras tecnologias para ampliar a transparência da apuração.
“A urna eletrônica é uma construção coletiva e científica do Estado brasileiro”, resume o professor Nelson Fujimoto, da USP.
Como a segurança é garantida
A urnaeleitoral brasileira funciona off-line, sem qualquer conexão com a internet. Isso impede ataques externos. Além disso, ela só aceita softwares com assinatura digital do TSE. Todos os anos, são realizados testes públicos, cerimônias de assinatura do código-fonte, verificação da “zerésima” e auditorias independentes.
Desde 2002, universidades como UnB, UFMG e Unicamp avaliam o sistema. Nenhuma delas encontrou fraudes. Em 2023, o TCU auditou as eleições de 2022 e confirmou: não houve divergências entre os dados da urna e os resultados finais.
O que torna a urna eletrônica auditável?
Apesar de desinformações, o sistema eleitoral brasileiro é amplamente auditável. Diversas etapas garantem sua integridade: partidos, OAB, Ministério Público e cidadãos podem fiscalizar o processo.
Entre os mecanismos estão: verificação do código-fonte lacrado e da assinatura digital, conferência do Boletim de Urna impresso e digital, recontagem por meio do Registro Digital do Voto (RDV), e auditoria sob condições normais, como a votação paralela transmitida ao vivo. Também é possível comparar os arquivos digitais com atas físicas e reimprimir BU’s. Todos esses mecanismos comprovam a transparência e segurança do processo.
Fake news desmontadas
Boatos sobre a participação da empresa Smartmatic persistem, mas são falsos. O TSE já esclareceu que a empresa jamais forneceu software para o Brasil.
“As urnas são 100% brasileiras e gerenciadas por servidores públicos concursados”, reforçou o ministro Alexandre de Moraes.
Desde 2018, com a ascensão da polarização política, a urna se tornou alvo de ataques. Mas especialistas como Jairo Nicolau (Iuperj) lembram que “ela ajudou a diminuir votos nulos e ampliar a representatividade popular”.
Por que outros países não adotam?
A urna brasileira foi testada em países como Argentina, Paraguai e EUA. Mas barreiras legais, culturais e a exigência de comprovantes físicos ainda impedem sua adoção plena. Ainda assim, o modelo é referência internacional e inspira democracias em desenvolvimento.
Um projeto de país
Mais do que uma máquina de votar, a urna eletrônica é um projeto de Estado. Ela conecta polos industriais de Norte a Sul, mobiliza universidades públicas e comprova que a tecnologia pode — sim — fortalecer a democracia. Mesmo sob ataques infundados, ela segue operando com transparência, auditabilidade e segurança. E mostra ao mundo que, ao contrário do que dizem as fake news, o Brasil pode liderar o futuro do voto.
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