Em um movimento que chama a atenção tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), após pedir licença da Câmara dos Deputados, está nos EUA com o objetivo de fortalecer laços com setores da direita americana e, principalmente, atrair o ex-presidente Donald Trump para o “ringue” das narrativas políticas que ecoam no Brasil.
A análise é do professor e analista político Beto Vasques, que comentou o caso no UOL News na manhã deste sábado (22).
Filho Pomada
De acordo com Vasques, Eduardo Bolsonaro atua, no cenário internacional, como um “filho pomada” — expressão que remete a alguém que é “usado” para fins externos.
Nos Estados Unidos, o parlamentar teria dois grandes objetivos. O primeiro, considerado o “plano A”, seria justamente aproximar-se de Donald Trump, figura central do movimento Make America Great Again (MAGA), e trazê-lo para o debate político brasileiro, fortalecendo as narrativas da direita no país.
“Eduardo Bolsonaro é próximo de Steve Bannon, estrategista político que foi um dos pilares da campanha de Trump em 2016, e também mantém contatos com setores do MAGA. Ele quer trazer Trump para o ringue das discussões políticas no Brasil, mas isso não é uma tarefa simples”, explicou Vasques.
Resistências
O analista destacou que, embora Trump seja uma figura influente nos EUA, sua atuação direta no cenário brasileiro pode enfrentar resistências, tanto por parte de setores políticos locais quanto pela complexidade das relações internacionais.
No entanto, caso o “plano A” não se concretize, Eduardo Bolsonaro já teria um “plano B”.
Segundo o professor, o deputado busca consolidar uma rede de apoio entre grupos conservadores e de direita nos Estados Unidos, ampliando sua influência e, consequentemente, a do bolsonarismo no Brasil.
“Ele está construindo pontes com conservadores, influenciadores e políticos americanos que podem ajudar a fortalecer a narrativa da direita brasileira no exterior”, afirmou Vasques.
Estratégia de polarização
A estratégia de Eduardo Bolsonaro reflete uma tendência crescente entre políticos brasileiros de buscar apoio e reconhecimento internacional, especialmente em um contexto polarizado, onde as alianças globais podem reverberar fortemente no cenário doméstico.
Para o bolsonarismo, a aproximação com Trump e setores da direita americana não apenas valida suas pautas, mas também fortalece sua base eleitoral, que vê nessa conexão uma espécie de “selo de qualidade” ideológica.
No entanto, especialistas alertam para os riscos dessa estratégia.
“A política externa não pode ser tratada como uma extensão da política doméstica. A busca por alianças internacionais deve considerar os interesses nacionais e não apenas os de um grupo ou movimento político”, ponderou Vasques.
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro segue sua agenda nos Estados Unidos, onde deve participar de eventos e reuniões com figuras-chave da direita americana.
Seu sucesso em atrair Trump para o “ringue” político brasileiro ou em consolidar seu “plano B” ainda é uma incógnita, mas uma coisa é certa: o deputado está determinado a colocar o bolsonarismo no radar internacional.
Com informações do UOL News.
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