Brasília (DF) – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou neste domingo (2) que pautas de costumes, como projetos relacionados ao aborto, não estão entre as prioridades do Legislativo neste momento. Para ele, essas questões desviam o foco de temas que impactam diretamente a vida da população, como distribuição de renda e geração de empregos.
Motta deu a declaração após ser eleito para a presidência da Câmara no sábado (1º), com o apoio de 444 parlamentares, incluindo partidos de diferentes espectros políticos, como PT e PL.
— Essas pautas ideológicas, as pautas de costumes, penso eu, que não estão na prioridade do dia. É um debate interessante, às vezes até nos motiva mais do que debater coisas mais burocráticas, mas o que temos visto ao longo do tempo? Essas pautas muito mais dividem o país do que trazem benefícios imediatos — afirmou Motta, em entrevista coletiva concedida à imprensa da Paraíba.
Imparcialidade sobre anistia do 8 de janeiro
Quando questionado sobre o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, Motta afirmou que ele e os líderes partidários decidirão, nos próximos dias, se vão pautar o tema. Eles devem tratar do assunto já nesta segunda-feira (3), na abertura do ano legislativo.
— Esse tema é o que mais divide a Casa hoje. Temos um PL que defende a votação da anistia para os presos do 8 de janeiro, enquanto o PT defende que o assunto não seja votado. A pauta é decidida pelo presidente, com participação dos líderes. Com certeza, esse será um tema levado para essas reuniões nos próximos dias, e vamos conduzir com a maior imparcialidade possível — disse Motta.
O ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO) apresentou o projeto de anistia, que abrange manifestantes, caminhoneiros, empresários e outros que participaram de protestos contra o resultado das eleições de 2022. O texto também inclui crimes relacionados a processos eleitorais e condenações por litigância de má-fé.
Neutralidade política e desafios à frente
Hugo Motta evitou se posicionar de forma direta sobre temas polêmicos durante sua campanha à presidência da Câmara, buscando apoio de diversas siglas. Sua eleição contou com forte articulação do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Motta enfrentará o desafio de equilibrar interesses divergentes em um Congresso polarizado e manter o foco em pautas consideradas essenciais para o desenvolvimento do país.